Série de entrevistas Macaé, Dr Aluizio

24/09/2012 19:35

 

1- O que lhe levou a entrar nessa disputa?

Dr. Aluízio - Macaé é uma cidade de contrastes e que precisa oferecer mais qualidade de vida para a sua população. E um dos desafios que temos hoje é incluir alguns valores na política e, quando você inclui bons valores na política, cria bons políticos, fortalece as instituições e forma, consequentemente, uma sociedade muito melhor.

Então me coloquei à disposição para a política da mesma forma que me disponibilizei para a medicina, com o intuito de melhorar a qualidade de vida das pessoas. De acordo com a filósofa Hannah Arendt, fazer política é levar felicidade para a população. Se a política não for para ajudar, não for para transformar e oferecer qualidade de vida para as pessoas, se a política for restrita a um bem pessoal ou para benefício apenas de um grupo, então é melhor nem fazê-la. Faço política porque acredito que posso mudar a vida das pessoas.

Macaé tem todas as condições de ter uma sociedade bem formada, bem estruturada. Esse tem que ser o nosso compromisso, sair da zona de conforto e oferecer para Macaé aquilo que ela já deveria ter, pois já perdemos muito tempo. Tem gente em Macaé sofrendo sem necessidade por conta de um desgoverno, e isso incomoda a todos nós.

2- Quais os assuntos que tem mais explorado em sua caminhada? 

Dr. Aluízio - Qualidade de vida e saneamento básico, já que uma coisa está ligada à outra. Colocar água na casa das pessoas e tratar o esgoto é o básico que uma sociedade precisa para ter o mínimo de qualidade de vida e isso, com certeza, será a nossa prioridade.

3-  O senhor acha o jovem omisso ou alienado em relação à participação na política? O jovem está desencantado com a política ou com os políticos?

Dr. Aluízio - O jovem nunca esteve tão atuante e consciente do seu dever de cidadania. A população não pode se afastar do processo político e percebo o jovem compromissado e ciente de sua responsabilidade. O processo eleitoral macaense revela um movimento democrático interessante, no qual os jovens fazem parte demonstrando interesse e desejo de participação política. Apesar da não obrigatoriedade de votação, 3.043 jovens, com idade entre 16 e 17 anos tiraram título de eleitor e em 07 de outubro votarão pela primeira vez. Em junho de 2011 o número de eleitores nesta faixa etária era de 1.755 jovens, demonstrando crescimento de 73,39% no período de um ano.

4- Sabemos que o transporte público em Macaé não é dos melhores, sempre é alvo de reclamações, a superlotação é uma das maiores reclamações. Como pretende melhorar a qualidade do transporte público na cidade? Vai haver algum novo tipo de transporte anda não implantado?

Dr. Aluízio - A cidade precisa de um planejamento urbano e de um maior investimento no serviço de transporte público. Temos que criar novas linhas de ônibus, quebrar o monopólio das empresas que oferece os serviços atuais na cidade, colocação de micro-ônibus para circular nos bairros, além de aprofundar os estudos para uma possível e efetiva implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) no município. Também pretendemos construir ciclovias e bicicletários públicos.

5- E a Saúde? Quais as linhas gerais de seu programa de governo? 

Dr. Aluízio - Nossa principal linha de atuação será com relação à Atenção Básica de Saúde, reestruturando e ampliando os postos PSFs (Programa Saúde da Família) e valorizando seus agentes e demais funcionários. Também nos comprometemos em viabilizar a realização de cirurgias cardíacas aqui no próprio município e atendimento ao obeso mórbido, pois profissionais competentes e aparelhagem para isso nós temos. Assim como temos urgência em oferecer tratamento aos pacientes com câncer de Macaé, pois não há mais como aceitarmos que o paciente, após o desgaste com sessões de quimioterapia, ainda sofra com uma longa viagem até a capital ou a outros municípios, geralmente em condições que não são as ideais.

6- O que o senhor julga ser hoje a maior dificuldade do município? 

Dr. Aluízio - Uma das maiores dificuldades do município hoje em dia é com relação à Mobilidade Urbana. Macaé nunca teve um planejamento urbano e isso resultou no trânsito caótico no município, principalmente nos horários de pico. A rede de transporte público foi mal concebida e há um intenso fluxo de caminhões e carretas em horários e locais inadequados circulando pela cidade. Temos que identificar os pontos de maior gargalo que causam engarrafamentos e trabalhar em cima da recuperação e duplicação da Rodovia Amaral Peixoto, além de reavaliar as condições logísticas da cidade, dando atenção para linhas de tráfego alternativas como a Rodovia Norte-Sul e o Arco de Santa Tereza.

7- Como tem sido a resposta da população em relação a sua campanha?

Dr. Aluízio -  Costumo dizer que a maior vitória que um candidato pode ter é o carinho e a atenção que recebe nas ruas. Não há termômetro melhor que esse. Por isso valorizamos tanto as caminhadas e as visitas ao longo da cidade, pois são nesses momentos que conseguimos olhar para as pessoas, conversar, sentir um pouco daquilo que elas vivem diariamente. Vejo o quanto as pessoas estão cansadas de sofrer, de ter que passar por dificuldades que seriam tão simples de serem resolvidas. É isso o que sinto das pessoas, uma vontade de ver uma nova Macaé para elas e para seus filhos.

8- E os jovens de Macaé? Pretende criar algum programa como cursos, por exemplo?

Dr. Aluízio -  Nosso maior objetivo para os jovens é assegurar uma boa formação profissional a eles, investindo na educação desde sua base até os cursos profissionalizantes. Temos que preparar nossos jovens para o mercado de trabalho, oferecendo a eles cursos de qualidade que os capacitem para a realidade de Macaé, atendendo às demandas das indústrias e empresas do município. Nosso objetivo é qualificar nossos jovens para que, no futuro, tenham mais oportunidades de emprego, fazendo com que as empresas não precisem mais ter importar mão-de-obra.

9- A história de uma cidade deve ser passada a diante de geração em geração. A cultura deve ser vivenciada. Como pretende tratar este assunto?

Dr. Aluízio - Temos que ter consciência que a cultura é uma fonte de cidadania, acima de tudo. Temos que observar qual é a cultura que Macaé e seus moradores precisam, além de aliá-la à educação, ao esporte e ao lazer. Cultura é um instrumento de transformação social e temos que trabalhar em prol disso. Atualmente, o setor cultural de nossa cidade não recebe atenção e investimentos necessários. Propomos programas de apoio e valorização para o setor, inclusão de disciplinas de arte nos currículos escolares, propor índice de leituras anuais aos estudantes (uma base de cinco livros por ano), transformar museus e bibliotecas em locais de pesquisa para os estudantes, apoio à atividade cinematográfica da região, organizar escolas de formação artística para técnicos e gestores de cultura e universalizar o acesso aos bens e conteúdos culturais à população.

10- Macaé é uma cidade que comporta análises controversas. De um lado, a prosperidade de quem melhorou de vida com a indústria do petróleo. De outro, o que uma revista nacional chamou de "A Maldição do Petróleo", que produziu o inchaço, a favelização, prostituição, a violência ou o tráfico de drogas. Como comenta esta notícia e como pretende resolver esses problemas citados?

Dr. Aluízio - Sem dúvida nenhuma Macaé é uma cidade de contrastes. O que não podemos aceitar é que um município tão rico, que consegue extrair petróleo do fundo mar e que possui um orçamento de 1,5 bilhões por ano, não consiga colocar água na torneira de seus moradores e que não consiga tratar uma gota do esgoto, comprometendo o meio ambiente. Muitos acreditavam que a indústria do petróleo duraria apenas alguns anos em Macaé, mas hoje ainda somos considerados como a capital nacional do petróleo.

O que produz o inchaço populacional, a favelização, violência entre outros problemas não é o petróleo, mas sim o descaso do governo com estas áreas. A extração de petróleo acarreta sim em alguns impactos, mas os royalties recebidos por conta desta atividade não são investidos para amenizar ou evitar problemas que podem ser resolvidos com uma boa dose de vontade política. Se pegarmos R$ 300 milhões destes 1,5 bilhões que o município possui, por exemplo, conseguiremos universalizar o saneamento básico em Macaé. Nosso grande compromisso é equiparar os índices econômicos do município com seus índices sociais, com um bom programa municipal de habitação para combater o déficit habitacional, valorizar o guarda municipal e retomar o projeto da ronda escolar, além de valorizar e capacitar a policial para combater a violência em todos os seus âmbitos, entre outros.