Famílias invadem casas desocupadas para demolição em Campos
09/11/2011 17:42
Um grupo de famílias invadiu, na manhã desta quarta-feira (09/11), 20 casas às margens da Lagoa do Vigário, no Jardim Carioca, que seriam demolidas pela Defesa Civil de Campos. As casas eram habitadas anteriormente por famílias que foram contempladas com as residências do Programa Morar Feliz do Parque Santa Rosa, na última sexta-feira (04/11).
Os agentes da Secretaria e de Família e Assistência Social foram ao local para identificar, inicialmente um grupo de quatro famílias teriam invadido desde a última segunda-feira (07/11) algumas casas desocupadas pelas famílias contempladas com as novas residências.
Ao tomarem conhecimento de que a Secretaria de Família e Assistência estaria no local e que possivelmente fariam o cadastramento destas famílias, várias pessoas também se encaminharam para o local ocupando residências já parcialmente demolidas e até mesmo os escombros.
Sob diversas alegações, dentre elas o cadastramento no programa e a não contemplação com a nova casa o grupo formado por moradores do Parque Santa Clara, que alegavam que as estruturas de suas casas estariam comprometidas em virtude das obras do Programa Morar Feliz, realizadas nas proximidades de suas residências, e também moradores da Rua Vitor Sense, via que dá acesso ao beco onde se localizam as casas invadidas, impediu o trabalho de demolição das equipes da defesa civil e se negou a deixar o local.
ALGUNS CASOS
Andriele da Silva Melila, 20 anos
A jovem se fixou, desde a última segunda-feira numa casa que estaria fechada. Ela alega ter casado recentemente e morar de aluguel numa casa na Rua Vitor Sense, com o marido, a mãe e três irmãs pequenas. O motivo da invasão foi a falta de condições de arcar com os custos aluguel.
Juliana Tomás Santiago, 28 anos
É cadastrada no programa assistencial da prefeitura desde 2006 e, assim como sua irmã, Sheila Tomas Gomes Pessanha, de 34 anos, não considera justo esperar por tanto tempo para ganhar uma casa.
Ester Thomas Silva, 26 anos
Morava de favor com uma prima na casa de uma tia, que na ultima sexta-feira a teria expulsado de sua casa, também localizada na Rua Vitor Sense e posto o imóvel disposição de aluguel, impossibilitando o seu retorno. Ester está grávida e passa por problemas de saúde.
O PROGRAMA MORAR FELIZ
O objetivo do Programa Morar Feliz é solucionar o déficit habitacional do município, entretanto, priorizando as cerca de 3000 famílias que viviam em área de risco, além de atender aqueles que vivem em vulnerabilidade social.
De acordo com o Diretor de Políticas Habitacionais da Secretaria de Família e Assistência Social, André Ventura, o cadastramento do Programa Morar Feliz segue alguns critérios:
“A gente não desmembra a família na intervenção. Na hora da remoção, a pessoa vai ter uma casa para viver com as mesmas pessoas que vivia na casa anterior. Existe situações em que ao identificar as famílias o que na verdade parece ser uma casa, na verdade são duas com estrutura independente uma da outra. Nesse caso, as famílias receberão casas também independentes,” explicou André que ressaltou que o programa visa remover famílias no conceito habitacional, já que se a área é considerada para residir e da mesma forma para comercializar.
André disse ainda que as famílias que invadiram as casas, nesta quarta, a princípio, serão apenas identificadas. O cadastramento dependerá de uma análise caso a caso, feito a partir desta identificação.
“Não podemos garantir cadastramento, o que será feito é uma identificação. Acontece que numa análise posterior se descobre que muitas dessas famílias já possuem suas casas, talvez até mesmo no Programa Morar Feliz, em outros bairros. A identificação de hoje seria das quatro famílias que invadiram e hoje, ao chegar aqui, me deparo com pessoas vivendo até nos escombros, alegando que não tem onde viver. Sabemos que eles vieram de algum lugar e não podemos dar precedentes para uma grande massa de invasão e consagrar isso com o benefício”, expôs o diretor.
Quanto à situação das famílias que invadiram as residências, André explicou que num primeiro momento, todos irão permanecer, até que a prefeitura busque respaldo jurídico para realizar a desocupação da área. Aqueles que realmente forem constatados como vivendo em vulnerabilidade social serão atendidos dentro das possibilidades de políticas habitacionais do município.
Além da Secretaria de Família e Assistência, estivaram presentes na ação a Guarda Civil Municipal, a Defesa Civil e a Secretária de Governo, através do Pr. Luiz Fernando e da Dra. Conceição.
Daniela Abreu / DO URURAU