Ferrovias de Campos voltam a transportar riquezas da região

26/09/2011 13:37

 

 

Renovação passa por coscientização de população às margens dos trilhosCom 22 quilômetros de trilhos e uma topografia privilegiada, Campos tem um grande potencial para a utilização do transporte ferroviário de cargas. Hoje duas vezes por semana os trens passam pela cidade transportando duas mil toneladas de cimento que saem de Cachoeiro do Itapemirim para Campos. As viagens são normalmente em horários de menor movimento, para evitar os riscos nas comunidades que ficam as margens das linhas férreas, porém estas viagens devem aumentar e outros produtos também devem passar pelos trilhos da cidade.

O trem transporta, inicialmente, cimento do polo cimenteiro de Cachoeiro do Itapemirim para Campos, onde a empresa preparou um grande terminal para receber o produto ensacado e em palets. A reativação da ferrovia se dá em função das demandas da construção civil em Campos e Macaé e, também, em função do início da segunda fase das obras do Super Porto do Açu, das obras de reforma e construção das instalações para a Copa do Mundo de 2014, no Rio, e obras do Comperj (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro).

CUIDADOS
Além de carros, pedestres e motos, os trens também fazem parte da realidade de várias cidades do Brasil. Pensando nisso, as Ferrovias Centro-Atlântica e Norte-Sul desenvolveram campanhas especiais de segurança. O objetivo é chamar a atenção de pedestres e motoristas para a necessidade de um comportamento calmo e de respeito às regras de trânsito, buscando uma convivência pacífica – e sem risco de acidentes – com as linhas férreas.

De acordo com o comandante da Guarda Municipal de Campos, Francisco Melo, o trabalho de conscientização da população vem sendo feito, porém cabe aos moradores e motoristas da cidade, que prestem mais atenção para esta nova realidade, a volta da passagem dos trens em Campos.

“Desde o ano passado, a Guarda Municipal vem fazendo uma campanha de conscientização em parceria com a Ferrovia Centro Atlântica (FCA), isso porque durante muito tempo os trens deixaram de passar pela cidade, com isso as pessoas perderam o costume de prestar atenção aos trilhos, e, com o retorno das atividades a população tem que ter mais atenção”, explicou.

Para o comandante da Guarda, dois são os principais riscos nos trilhos: as crianças que brincam nos trilhos, e os motoristas que andam com o ar-condicionado e o rádio ligados.

“Nós sabemos que as crianças que moram às margens da ferrovia costumam brincar nos trilhos, e o que fazemos é um trabalho de conscientização muito forte para que os pais e familiares não deixem as crianças brincando no local, que é um risco. Outro fato que é importante lembrar, são os motoristas que trafegam com o ar-condicionado e o rádio ligados, com estes aparelhos ligados o motorista perde totalmente a referência de ruídos externos, o que é um problema quando se fala em ferrovias. A verdade é que os motoristas também tem que ter mais atenção ao se aproximar das passagens de nível”, concluiu.

Em relação às casas nas margens dos trilhos e das cancelas, que fazem a segurança das passagens de nível, Francisco disse que por enquanto, a Guarda Civil só está trabalhando na conscientização dos moradores. “A questão dos moradores que constroem casas às margens dos trilhos é nacional, em todo lugar que tem trilhos é assim, nós não podemos fazer muita coisa, a não ser trabalhar a conscientização dos moradores. E sobre as cancelas, a responsabilidade é da empresa responsável pelos trilhos, e nós podemos fiscalizar, mas por enquanto, nós estamos mesmo é trabalhando a conscientização”, disse.

HISTÓRIA
A introdução do primeiro engenho a vapor na região, em 1830, trouxe grande transformação no processo de produção de açúcar. E o aparecimento da ferrovia, em 1837, com a inauguração do trecho Campos-Goitacazes; e posteriormente em direção ao trecho Norte-Sul, facilitou a circulação de mercadorias, transformando o município em centro ferroviário da região. O cultivo da cana-de-açúcar - hoje um dos principais produtos da região - teve início, provavelmente, no final do século XVII.

Ururau